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O universo de leitores no Brasil

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pelo Instituto Pró-Livro ao Ibope Inteligência, apresenta resultados bem interessantes sobre o perfil do leitor e do não leitor no país.

Para a realização da pesquisa, foi adotada como conceito a definição de leitor: aquele que declarou, no momento da entrevista, ter lido pelo menos um livro nos últimos três meses: um número de 95,6 milhões de pessoas, ou seja, 55% da população estudada (somente crianças com menos de 5 anos não foram entrevistadas). Se considerar aqueles que declararam ter lido pelo menos um livro nos 12 meses anteriores à pesquisa, este número sobe para mais de 100 milhões.

Já o não leitor foi o que declarou, no momento da entrevista, não ter lido nenhum livro nos últimos três meses (o que inclui, para efeito deste estudo, também o leitor que leu em outros meses que não os três últimos, ou mesmo que leu ocasionalmente). Esse número é de 77,1 milhões (45% do universo estudado). Desses, no entanto, 6 milhões disseram ter lido pelo menos um livro durante os outros meses do ano. A pesquisa, segundo os coordenadores, não avaliou a “qualidade” da leitura, nem o nível da compreensão dos textos lidos. 

De acordo com o estudo, no que diz respeito à leitura, no imaginário da população, ler está associado ao conhecimento. Foi o que 26% dos entrevistados (45,2 milhões de pessoas) responderam. Quando indagados sobre o significado da leitura, 42% responderam que é uma fonte de conhecimento para a vida – esta foi a resposta mais citada entre pessoas com idade entre 60 e 69 anos. Para as crianças de 5 a 10 anos, que correspondem a 8% das respostas, ler é uma atividade prazerosa.

A maioria dos entrevistados (77%) gosta de assistir à televisão em seu tempo livre. Ler ocupa a quinta posição entre as atividades preferidas do brasileiro, com 35% das respostas – são 60 milhões de brasileiros que declararam gostar de ler nas horas vagas. Mais: entre os que concluíram o Ensino Médio, o índice chega a 48%. Entre aqueles com nível superior, o número sobe para 64% e ocupa o segundo lugar nas preferências desse segmento da população. Ou seja, esse índice cresce, principalmente, em função de escolaridade e renda.

Os segmentos da população em que essa preferência é maior são a classe A (75%), os que possuem formação superior (79%) e renda familiar acima de 10 salários mínimos (78%) e os espíritas (76%). Outro dado interessante é que a preferência pela leitura nas horas vagas chega a 44% entre os que têm ou já tiveram algum educador na família e cai para 29% onde nunca houve ninguém ligado à educação.

A maioria das pessoas que declararam ler em seu tempo livre está no Sudeste (45% ou 43,4 milhões) e, dessas, 59% dizem ler com frequência, e no Nordeste (25%, ou 24,4 milhões), 50% das quais dizem ler com frequência. Depois, vêm a região Sul, com 13,2 milhões (14%), a região Centro-Oeste, com 7,1 milhões (9%), e, por fim, a região Norte, com 7,5 milhões (8%).

Todos os entrevistados foram questionados sobre o tempo que dedicam à leitura. A pesquisa revelou que 51% (44,7 milhões) são leitores regulares, pois dedicam de uma hora a três horas por semana à leitura, e 34% (29,5 milhões) são leitores ocasionais – gastam menos de uma hora por semana. 

A pesquisa também mostra que os leitores dedicam seu tempo livre à leitura de mais de um tipo de suporte: 52% deles (90,5 milhões) leem revistas e 49% (85,5 milhões) leem jornais. A revista é o suporte que os leitores mais leem ao longo da semana (27%), enquanto os jornais (20%) são os preferidos para a leitura diária. Já os livros são os preferidos para as leituras mensais (14%). 

No que diz respeito às dificuldades para ler, 16% (28,1 milhões) dizem que leem muito devagar, 7% (11,9 milhões) não conseguem compreender a maior parte do que acabaram de ler e 11% (19,6 milhões) afirmam não ter paciência para essa atividade. Já 7% (12,4 milhões) não conseguem se concentrar e 8% (14 milhões) possuem algum tipo de limitação física, como a baixa visão. 15% dos brasileiros (25,4 milhões) não leem porque são analfabetos ou ainda estão em fase de aprendizagem e não dominam completamente as técnicas de leitura. Só 48% dizem não ter qualquer tipo de dificuldade.

Jô Ribes, site Blog do Galeno (São Paulo – SP)


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