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A questão do limite e da educação

Atualmente, há inúmeras discussões em diversas esferas da sociedade acerca deste que demonstra ser um dos nós da contemporaneidade: a questão do limite. As discussões ocorrem na tentativa de estabelecer pontos que sirvam de referência e possíveis alternativas de solução para famílias e educadores. 

A realidade com a qual convivemos hoje é o resultado de uma transformação social pela qual gerações foram afetadas. Içami Tiba explica que as famílias tinham uma organização vertical da autoridade, na qual os pais determinavam e os filhos obedeciam sempre, resultando em uma geração com as marcas do autoritarismo. Repudiando esse sistema, a geração seguinte acabou caindo no oposto: a permissividade.

Com isso nos vemos em um momento em que é necessário que aconteça o resgate da autoridade que se perdeu no caminho percorrido de um extremo educacional ao outro. O resgate da autoridade pode acontecer pela retomada do papel que os pais têm na educação da criança, no qual se inclui dizer o que é permitido e também o que não é.

Junto com a reconstrução da autoridade é necessário recuperar o significado do não para a criança, que precisa ser claramente compreendido como algo que naturalmente faz parte da vida de todas as pessoas. Muitas vezes, pais e professores se perguntam qual o momento de dizer o não, preocupando-se em não se tornarem nem permissivos, nem autoritários e repressores. Observa-se a dificuldade, de maneira geral, em encontrar a forma correta de lidar com esta questão. Encontrar um ponto de equilíbrio entre o autoritarismo e a permissividade é uma tarefa desafiadora para pais e educadores, que lidam com a formação de sujeitos que convivem com outras pessoas e que precisam estar em condições de interagir de forma saudável com todos em suas relações.

É preciso tomar uma posição diante da criança e da situação. Seria importante também que pai e mãe respeitassem a intervenção um do outro, não desfazendo aquilo que o outro já disse. Desta forma, evita-se que a criança perceba que cada um tem um parâmetro, ou seja, um é o permissivo e o outro o repressor, ou ainda algo pior: um dos dois é o responsável por mostrar os limites enquanto o outro tem outro papel na família, secundário nesta questão, ou mesmo nem se envolve.
Desta forma, a criança perde a referência de certo e errado, o que prejudica a formação de sua personalidade. Não existindo uma construção clara da noção de limite, a criança enfrentará problemas na escola e no convívio social em geral, podendo ainda introjetar a ideia de que ninguém tem autoridade sobre ela e que pode fazer o que quiser da maneira que desejar. Sendo assim, serão inúmeros os prejuízos causados a este futuro adulto e àqueles que o cercarem, pois a convivência com os demais, necessária a todos, não será nada fácil.

Diante disso, cabe a cada um de nós, pais e educadores, tomarmos nosso papel diante desta questão. A sensibilidade e o bom senso podem ser bons conselheiros na hora de decidir como ensinar às crianças que existe um limite a ser respeitado por todos.

ALINE MARIA DE OLIVEIRA WEBER MORAES (ESTEIO – RS)


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