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A língua e a cultura

O tupi, língua falada, aproximadamente, até o século XIX no litoral, e hoje no Amazonas conhecido sob o nome de nheengatu, e o seu dialeto, o guarani, falado pelos Tupis do Sul, que não possuíam sistema de escrita.

Os missionários Jesuítas, ouvindo a fala dos indígenas, os primeiros habitantes do Brasil, desenvolveram a forma escrita, através de sons emitidos pelos nativos, mas, de acordo com os conhecimentos que trouxeram da Europa. 

O padre Jesuíta, José de Anchieta , foi um dos missionários que sentiu a necessidade de se comunicar com os nativos, e para ensinar-lhes criou a primeira gramática tupi-guarani, a Arte da gramática de língua mais usada na costa do Brasil, composta por um grupo de palavras mais usadas pelos índios da região. Deste modo, surgiu o primeiro dicionário do povo da selva, que muito contribuiu para dar nome às cidades, objetos, rios, plantas e, inclusive, facilitou a comunicação. 

A presença da cultura indígena em todos os estados brasileiros, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, é bem significativa, basta observar o grande número de palavras de origem tupi que matizam a nossa língua portuguesa falada no Brasil. Assim a cultura , a arte e a educação estão envolvendo pessoas de todas as gerações que se preocupam com o bem comum. Tentar fazer da educação um caminho para todos percorreram . Sem distinção de cor, sexo, raça, ideologia , cultura e arte. Por isso, não podemos deixar de enaltecer o português do Brasil, temperado com inúmeros vocábulos inclusive dos indígenas, os primeiros filhos dessa Pátria.

Com a chegada de muitas famílias portuguesas ao Brasil, a partir do início do século XVIII, o tupi tornou-se um substrato em relação ao português, mesmo assim continuou influenciando a língua dominante e nela se fez presente. 

O conjunto de falares existentes foi se infiltrando no idioma dos descobridores, dando maior riqueza vocabular. E como todo dom é divino, homenagear esses filhos que, são presenças vivas na formação de parte da arte, cultura e língua de nossa gente.

Na região sudeste o Espírito Santo em especial , têm palavras indígenas bastante usadas. O vocábulo “capixaba” , como é chamado o nascido neste estado, é uma delas. 

Diz a história que os primeiros habitantes da cidade de Vitória, capital do Estado, foram chamados de “capichobas” pelos indígenas, porque viviam num roçado de milho, cujas terras eram utilizadas para o plantio desse produto. Com o passar dos tempos, a palavra sofreu alteração na sua grafia, passando para a forma “capixaba”. 
Muitos municípios desse Estado sofreram influência dessa cultura e a sua colaboração é bem visível, seja nos costumes, na aparência e no vocabulário. Assim, vários são os nomes de cidades, bairros e distritos que têm origem no tupi, como mostram os seguintes: 

Burarama, distrito situado no sul do estado (Bu- ypirá = árvore) e (rama=quantidade), quantidade de árvore, alusiva a Floresta Atlântica.

Cariacica compõe a região da Grande Vitória e seu nome tem vários significados. Um deles origina-se da palavra “Caiacica”, “acaya-icica” (resina do cajá), árvore nativa dessa região. 

Carapina também região da Grande Vitória, vem da palavra “Carapi” significa (descascar e lavrar ou marceneiro inábil).
Itaguassu “Ita”(pedra), “gua”(animal) “assu”(grande) “a pedra grande” que tem a forma de um animal de grande porte, e os italianos receberam dos primitivos a região assim denominada.

Itarana “Ita”(pedra),”rana(onça), “a pedra da onça”, município que fica ao Norte do Estado, próximo à “pedra do animal grande”
Itaguassu. Itaúna –“ Ita”(pedra) “una(preta) é a região em que nasceram as grandes dunas do Espírito Santo que faz a beleza da região e divisa com o estado da Bahia. Iconha “Y”(rio),”conha”(ardente),”o rio quente” devido a presença da turfa, espécie de carvão fóssil resultado da fermentação de musgos e plantas aquáticas no seio das águas claras, lentas e de temperaturas relativamente baixas, ou seja, a primeira fase da formação dos carvões minerais, existentes na região.

Ibiraçu – “Ybyra”(árvore), “açu”(grande), município que hoje abriga o único mosteiro sul-americano Zen-Budista, localizado no meio de uma reserva ecológica. E, falando de Mucurici que significa “tipo de árvore”, cujo fruto amarelado, assemelha-se ao pêssego fica no extremo norte e seus filhos apresentam um sotaque baiano. 

Muqui, “mucuim”, tipo de mosquito de picada que provoca odor forte, o município preserva arquitetura imperial em seus casarios. 

Jabaquara- “Jaba-coara”(refúgio dos fujões), local em que existe a famosa cerâmica capixaba. Sem esquecer de Jaguaré, lugar em que habitavam as onças e também, Itabapoama, o município das abelhas, das vespas assanhadas. 

E a famosa cidade de Anchieta, antes denominada Reritiba, “reri”(ostra),”tiba”(sítio), “o sítio das ostras”, fica na área Sul do Estado,bem próximo a Guarapari,”o antigo viveiro das garças”, origem do seu nome. 

Com essa breve exposição mostra-se uma das faces do português do Brasil cujas matizes enriquecem a língua, tornando-a um instrumento de expressão peculiar de um povo miscigenado, tanto na cultura quanto no idioma. Por tudo que foi dito e por muito mais, obrigado irmão da floresta, você é Brasil! 

Luciah Rodriguez
Educadora e Psicanalista


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