Qual é a escola dos seus sonhos?  “Quero muito ajudar a escola. Quero que seja um ambiente mais limpo, mais saudável e que tenha mais respeito. Quero que quando alguém chegue lá, fale: ‘Que escola maravilhosa!’."

A resposta é da Vitória de Almeida, de 9 anos. Estudante do 3º ano do Ensino Fundamental I, Vitória é a presidente do Grêmio Estudantil Mirim da Escola Estadual Profª. Rosina Frazatto dos Santos, do bairro Cidade Satélite Íris em Campinas/SP. “Já é a terceira vez que sou do grêmio. No primeiro ano fui representante de classe, no segundo ano também, e agora sou presidente do Grêmio”, conta.

No dia 20 de setembro, Vitória teve a oportunidade – junto ao colega Gabriel Nascimento, de 11 anos  – de ser mestre de cerimônias no Semeando Atitudes, primeiro Encontro dos Grêmios Estudantis Mirins de Campinas. Realizado por meio de parceria entre as Diretorias de Ensino Leste e Oeste de Campinas, a Fundação FEAC e a Fundação Educar DPaschoal, o evento reuniu no salão Aida Selmi, da Paróquia Santa Rita de Cássia, mais de 500 estudantes de 53 diferentes escolas públicas da cidade, e proporcionou um espaço rico para reflexão, troca e inspiração.

Por meio de parceria com o Instituto Estre, a abertura e o encerramento do encontro deram espaço à contadora de histórias Kiara Terra, que cativou do início ao fim crianças e adultos de forma lúdica, descontraída e pedagógica.

Sementes plantadas

O que é preciso fazer para que a escola realmente atenda a demanda dos alunos, e não apenas a demanda educacional da gestão?

“Quando a gente pensa em gestão democrática, é importante enxergar o problema ou as ações da escola de todos os pontos de vista. Como adultos, por vezes a gente tem uma visão muito prática e gestacional do processo, deixando de perceber o olhar da criança”, aponta Angélica Adam, vice-diretora da Escola Estadual Profª Rosina Frazatto dos Santos. Para ela, a formação recente do Grêmio Mirim na escola já traz resultados que impressionam: “Os alunos são questionadores, auxiliam uns aos outros e são referência dentro do corpo estudantil. Tem sido revelador tanto pra gente quanto pra eles: uma via de aprendizagem de mão dupla”.

Antonio Admir Schiavo, dirigente da Diretoria de Ensino de Campinas - Região Oeste, ressalta a importância de um evento como o Semeando Atitudes. “É preciso plantar desde cedo, com as crianças, para que no futuro possamos colher os frutos: pessoas mais participativas, mais atuantes na sociedade, protagonistas da sua própria história”.

O conceito de protagonismo juvenil foi tema de um bate papo produtivo entre os jovens da Academia Educar – representados no evento pelas monitoras Bianca e Beatriz Tamazia, estudantes de 15 anos da Escola Estadual Antônio da Costa Santos – e os estudantes dos Grêmios Mirins.

“O protagonismo começa desde cedo. Tem que ser uma prática constante na escola, desde diálogos até assembleias. É por meio de espaços assim que os estudantes estão vivendo, aprendendo e ensinando: sobre respeito, união, autonomia, solidariedade e outras competências”, aponta  Alessandra da Silva, dirigente da Diretoria de Ensino de Campinas - Região Leste.

Mudança: de dentro para fora das escolas

De acordo com Cláudia Chebabi, gerente do Departamento de Educação da Fundação FEAC, a força do jovem, quando bem orientada, tem muito potencial de mudança para a escola e para a comunidade. “A criança e o jovem protagonistas são, de fato, agentes de mudança”. Raika Aquino, também da Fundação FEAC, completa que “para conviver em sociedade é necessário ‘Semear Atitudes’, por isso acreditamos que os jovens saem deste evento imbuídos do espírito de transformação.”

Perceber que podem e conseguem fazer a diferença: esse é um dos pontos de incentivo para os participantes do evento. “Desde que comecei a fazer parte do Grêmio, achei bem legal porque acabei ganhando mais responsabilidade. E pra escola eu acho bem importante as ideias do Grêmio e as campanhas que fazemos pra mudar, pra futuramente ser uma escola melhor”, comenta João, de 10 anos, aluno do 4º ano da E. E. Prof. Fabio Faria de Syllos.

Uma vez plantadas as sementes do primeiro Encontro dos Grêmios Estudantis Mirins de Campinas, daqui para frente a ideia é que as escolas, gestão e educadores continuem a abrir espaço para as crianças. “A mudança começa agora, nas pequenas atitudes. A sociedade está precisando de cidadãos que respeitem, que saibam identificar os problemas e, principalmente, consigam ser parte da solução. É isso que a gente espera: que quando as crianças se tornem adultos, elas sejam parte da solução”, conclui Alessandra.