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Inovação socioambiental e empreendedorismo em pauta!

Evento impulsiona debate sobre Inovação Socioambiental e inspira empreendedores em Campinas

 

“Hoje, as maiores soluções que estão sendo criadas estão dentro da inovação socioambiental”,afirmou Lohan Caproni, cofundador da Phomenta. Foi com essa temática que o primeiro evento de inovação socioambiental em Campinas aconteceu, no Fórum InovaSocioAmbiental – Decodificando Negócios de Impacto, que fez parte da programação do InovaCampinas, realizado no final de outubro.

Mais de 12 especialistas e palestrantes de referência na área levaram para o palco um debate enriquecedor sobre negócios sociais com impacto e retorno financeiro. Com intuito de trabalhar os principais conceitos e levar soluções concretas, foram realizados painéis e rodadas de conversa, além de serem apresentadas práticas inovadoras e cases reais de sucesso.

Camila Figueiredo, gestora da Fundação Educar DPaschoal e também coordenadora da Rede de Investidores Sociais do Interior Paulista– RIS, explicou que a ideia foi levar uma agenda básica que impactasse um público que nunca ouviu falar do tema. “Às vezes o empreendedor não acha que ele é um empreendedor social, e o investidor da mesma forma”, indicou. O que também constatou Lucilene Danciguer, presidente da Gaia Social. Ela acredita que ao ganhar essa consciência de que se está trabalhando com um negócio de impacto, fica mais fácil potencializar os resultados e encontrar apoio adequado. “Trazer esse conceito de negócio de impacto melhora a sustentabilidade da nossa economia. O que mais me chamou a atenção foram as variadas formas de investir. Uma diversidade legal de empreendedores, que deixa a gente super animado com esse campo aqui em Campinas”, relatou Lucilene.

Para a participante Juliana Carina, coordenadora de responsabilidade social na Deloitte, foi uma excelente oportunidade de aproximar a empresa do terceiro setor e ampliar o diálogo. “A importância desse evento é de mostrar que dá para unir as empresas com a parte social desenvolvendo um bom trabalho. A empresa gerando lucro com um bom impacto social”, afirmou Ricardo Allegretti da Trilha Verde que prestigiou o evento.

Mas o que é inovação socioambiental?

Para esclarecer melhor o que é investimento socioambiental, apontando as características principais desse formato, Lorhan e Carlos Barbosa, diretor da Associação Cornélia, deram início ao evento. “Está muito claro que você consegue criar negócios lucrativos e resolver um problema socioambiental. Existe uma economia hoje que gira 60 bilhões de dólares no mundo só de negócios de impacto social e a gente tem uma oportunidade gigantesca de crescimento”, enfatizou Lohan completando que negócios que oferecem soluções reais pra sociedade, são atrativos e lucrativos também.

Já Carlos Barbosa, apresentou o case do Armazém das Oficinas desenvolvido pela Associação Cornélia, mostrando as possibilidades de gerar impactos positivos e desenvolver um negócio sólido e sustentável. “O empreendedor é uma pessoa incomodada que acaba movendo recursos, pessoas e conhecimento em prol de uma visão. E o empreendedor social é tudo isso, só que buscando resolver uma questão social, transformar uma realidade”, ressaltou. Para ele a expectativa é que as pessoas busquem conhecimento técnico sobre empreendedorismo e gestão para conseguirem atingir seus objetivos de forma mais assertiva nessa área.

“Mas como que a minha empresa se envolve com isso?” questionou Lohan. Ele apontou que o social e o ambiental estão virando diferenciais competitivos e que existem várias formas das empresas se plugarem no ecossistema social. “Você pode ter empresas como fornecedores ou inserir isso na sua cadeia de valor. Existe uma nova geração de consumidores que vêm pensando em impacto socioambiental quando compram um produto ou que exige propósito onde você trabalha”, constatou.

O que é e como ser um investidor social? Para ilustrar os mecanismos de investimento social e dicas de como ser um investidor, os palestrantes levaram experiências próprias para o público. “Você quer de fato impactar? Isso vai exigir que suas ações tenham integridade, coerência e consistência com o propósito que escolheu servir”, destacou Marco Gorini, Sócio Fundador da Din4mo. Para se transformar em um investidor social, ele também indica que é preciso estar motivado com empatia em relação aos problemas do mundo. “Ser empático aos enormes desafios e desigualdade que vivemos. É empatia com ação! Acreditamos que o empreendedorismo é a alavanca que vai transformar isso”, sinalizou.

Já Eduardo Pedote, sócio da Bemtevi Investimento Social, mostrou que é preciso quebrar paradigmas, desde o desenvolvimento de um perfil socioambientalmente engajado até o estímulo do ganho social como sucesso. Reforçou também o conceito dos negócios sociais exemplificando com os modelos da própria instituição, salientando os impactos. Ele explicou que a mensuração dos impactos é muito importante e citou como principal ferramenta a Teoria de Mudança  que provoca uma discussão na organização para entender qual é transformação pretendida, a avaliando parceiros, desdobrando no elencar de resultados, atividades e recursos para mobilização.

A palestrante Isabela Pascoal Becker, diretora da Fundação Educar DPaschoal e da Daterra Coffee, se dedica aos temas de Finanças Sociais e Negócio de Impacto, como investidora da Vox Capital e conselheira do Sistema B. “Infelizmente nossos desafios socioambientais são enormes e ainda não conseguimos construir uma sociedade onde todos tenham efetivamente igualdade de oportunidades. As empresas estão entendendo muito rapidamente a importância de adicio­nar a dimensão social e ambiental às suas atividades, identificando impactos positivos e oportunidade de mitigações”, observou.

“Uma das formas que a gente enxerga para desenvolver o campo social é a diversidade de modelos de investimento social. Na verdade é uma composição de modelos, algumas causas são resolvidas com doação, outras por investimentos empresarial”, completou Camila Figueiredo.

Desafios e soluções

Foram abordadas na sequência soluções reais que impactam a sociedade em um painel que trouxe casos práticos com investidores sociais do Instituto Orelhinha com Leila Souto, da Escola do Mecânico com Sandra Nalli, da Cooperativa Reviver de Catadores de Materiais Recicláveis de Itatiba/SP com Josiane Tomaz e do Bambini do CEAK (Centro Espírita Allan Kardec) com Feliciano Campos.

Sandra Nalli, fundadora da Escola do Mecânico, apresentou os resultados do negócio com impactos na empregabilidade de jovens. “Foi um evento sensacional! Precisamos conectar pessoas com o objetivo em comum de resolver problemas sociais e  ambientais, gerar renda e impacto juntos”, afirmou. Ela acredita que o caminho para empreender nessa área é identificar e tentar resolver um problema que ninguém conseguiu. “O maior desafio é encontrar pessoas que tenham sinergia com o projeto, que realmente querem fazer por uma causa e entendem que o dinheiro é uma consequência. Em negócios de impacto social é o caminho invertido, primeiro defendo uma causa e resolvo um problema da sociedade, depois ganho dinheiro com isso”, esclareceu Sandra.


Para estimular o debate, o momento contou com uma banca de especialistas: a  diretora executiva do Instituto Quintessa, Anna de Souza Aranha; a economista e integrante do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Rachel Cavalcanti Stefanuto e consultor do Grupo GAIA, Geraldo José Virginio. “Vemos diversos negócios de impacto e todos com a mesma necessidade, que é a fazer a informação, formação e conteúdo chegarem de forma mais acessível para a região. É um desafio fomentar e disseminar conhecimento cada vez mais. E é o que este evento está fazendo”, avaliou Geraldo.

Para fechar com chave de ouro, Lohan conduziu o workshop “Prototipando soluções de impacto socioambiental” que movimentou o espaço, reunindo os participantes em equipes. Com exercícios de design thinking, levou desafios de imersão, ideação e prototipagem, para vivenciarem na prática a criação de negócios de impacto criando soluções para os principais desafios dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. A atividade possibilitou também ampliar ainda mais a possibilidade de um bom networking entre os participantes.

Fomentar o terceiro setor no interior

Com objetivo de fortalecer o ecossistema de investimento social no interior do estado de São Paulo, o Fórum integrou uma rede de 10 eventos que ocorreram no Brasil, sobre Finanças Sociais e Negócios de Impacto, com o apoio do ICE, Impact Hub e FIIMP (Fundações e Institutos de Impacto). O evento foi a 1ª edição realizada pela Phomenta e pela RIS – Rede de Investidores Sociais do Interior Paulista (associados ao GIFE). Foi organizado também pela Fundação FEAC, Fundação Educar DPaschoal, Grupo Gaia Social, HZK  Marketing e Base Colaborativa.

A agenda no InovaCampinas, o maior evento da categoria no interior, foi estratégico. “Trouxemos o evento para o Inova Campinas justamente para conversar com todo esse fluxo de informações que estão acontecendo aqui. Campinas é um polo com mais de 10 mil empresas e um celeiro de inovação nas faculdades. Quantas soluções podemos desenvolver aqui, de impacto socioambiental e poderia escalar isso pro Brasil e pro Mundo?”, indagou Lohan.

Em sua 5ª edição, o InovaCampinas reuniu cerca de 10 mil pessoas entre empresas, universidades e diversas instituições. E foi entre as mais de 350 rodadas de negócios, apresentação de tecnologias e tendências, que a pauta socioambiental foi alinhada com a do empreendedorismo de forma inédita. Camila da Fundação Educar, que atuou na organização do evento explicou que o objetivo do RIS foi justamente trazer para o interior as agendas estratégicas do Gife e de outras redes temáticas. “Agiliza o tempo que essas agendas demorariam para chegar de São Paulo, por exemplo. Foi oportuno também  para o Inova, porque eles conseguiram integrar na agenda a dimensão social e ambiental que ainda fica muito apartada dos negócios e são o tripé da sustentabilidade: o social, o ambiental e econômico”, comentou.

“Trazer essa agenda para um evento do porte do Inova Campinas é sem dúvida uma oportunidade de colocar estas estratégias em pauta. Os conceitos que serão debatidos no evento serão cada vez mais fundamentais para que as organizações da sociedade civil aprimorem seus modelos de atuação e estratégias de sustentabilidade”, considerou Leandro Pinheiro, Superintendente Socioeducativo da Fundação FEAC.

Camila revelou ainda que para o próximo ano a intenção é incorporar na agenda novas temáticas como o papel da academia, da produção do conhecimento, mensuração do impacto e outros modelos de financiamento.

(Por Ariany Ferraz)

Reprodução: Fundação FEAC


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