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A hora e a vez da educação básica?

Desde os primeiros anos do século XXI, a forma pela qual o desenvolvimento tecnológico afetaria o dia-a-dia das escolas vem sendo amplamente debatida. Muitas experiências foram feitas, muito se discutiu sobre a eventual substituição do professor por recursos de tecnologia, e assim por diante.

Não apenas entre os educadores, mas na sociedade como um todo, hoje temos um pouco mais de clareza sobre essas questões. Mas a certeza é de que não há mais um modelo padrão de escola. O que dificulta sobremaneira a vida dos pais no processo de escolha da escola para os filhos. Ampliaram-se os fatores considerados para a tomada de decisão. A relação com tecnologias, bem como as abordagens metodológicas que privilegiem metodologias ativas são cada vez mais relevantes para os pais. Deixaram de ser aspectos observados apenas por educadores.

Pelo lado das escolas, assistimos a um movimento em que muitas das mais tradicionais, incluindo diversas religiosas, vêm se transformando profundamente e incorporando novos modelos pedagógicos e de instalações físicas, apoiados em recursos de tecnologia.

O desenvolvimento da nuvem e do modelo “software as a service”, viabilizou, mesmo a pequenas escolas, o acesso a recursos pedagógicos e tecnológicos antes disponíveis apenas àquelas que pudessem arcar com altos custos de investimento e manutenção. O que, em boa medida, significou uma democratização do acesso a tais recursos nas escolas, bem como a possibilidade de experimentarem e até de trocarem, no curto prazo, ferramentas de gestão e de aprendizagem.

Da mesma forma que o ocorrido em outros setores, tais mudanças vêm implicando grandes alterações no modelo de escola estabelecido e estável há muito tempo, bem como na própria configuração do setor. Não apenas no Brasil, mas no mundo todo.

Como exemplo, destaque para o chamado modelo “escolas low cost”, que foca em qualidade educacional a preços baixos (por vezes, muito baixos). Talvez o exemplo mais emblemático seja o das Bridge International Academies, cuja primeira escola foi aberta em 2009, em Nairobi. Hoje têm escolas na Índia, Kenya, Libéria, Nigéria e Uganda, sempre em regiões muito pobres, em geral favelas. O modelo é fortemente baseado em tecnologias para a gestão, formação de professores e aprendizagem, com estruturas e recursos compartilhados entre as escolas.

No Brasil, modelos adaptados de escolas low cost já estão em implantação. Como exemplos, a Escola Vereda, de um grupo de investidores,  e a Luminova, esta última do grupo SEB. Ambas focam essencialmente público de poder aquisitivo intermediário na estrutura econômica e social brasileira. Há notícias de outros grupos que já se articulam para entrar nesse segmento.

Na outra ponta estão as escolas de elite, com modelos apoiados fortemente no uso de recursos de tecnologia e metodologias ativas, como é o caso, por exemplo, da Concept, também do Grupo SEB,  e da Avenues.

Enquanto este último grupo tenha possibilidades de expansão limitada (pela própria estrutura de renda do país), o primeiro, das assim chamadas “low cost”, como as acima mencionadas, tem enorme potencial de crescimento. Seja dentro das faixas intermediárias de renda familiar, seja pela expansão para segmentos de menor renda familiar. E, com isso, acendem uma luz amarela, de alerta, às escolas privadas mais tradicionais, que focam os mesmos segmentos intermediários de renda.  Bons resultados educacionais e, consequentemente, a expansão das escolas “low cost” (o que é pressuposto do modelo) tendem a significar ameaças  relevantes ao setor como estabelecido hoje.

Por isso, qualidade na formação dos alunos, clareza de objetivos, identidade com o seu público e capacidade de inovar, atendendo às demandas já reconhecidas pela sociedade, são requisitos fundamentais para a saudável manutenção desse grupo de escolas, bem como para cada uma delas individualmente.

Vale lembrar, ainda, que a educação básica vem se configurando como um segmento de grande potencial de investimentos por parte de grandes grupos que já atuam na educação.

Reconhecer os desafios é parte importante para o posicionamento estratégico das instituições.

A Bett Educar está sempre trabalhando para trazer os conteúdos mais relevantes para toda a comunidade da educação: já está em construção o evento de 2019, no qual este e muitos outros temas serão tratados. 

 

Reprodução: Bett Educar


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